sábado, 7 de julho de 2012

CRACK: UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO


O crack é obtido a partir da mistura da pasta-base de coca ou cocaína refinada com bicarbonato de sódio e água. Quando aquecido a mais de 100ºC, o composto passa por um processo de decantação, em que as substâncias líquidas e sólidas são separadas. O resfriamento da porção sólida gera a pedra de crack, que concentra os princípios ativos da cocaína.Geralmente é fumado com cachimbos improvisados, feitos de latas de alumínio e tubos de PVC, que permitem a aspiração de grande quantidade de fumaça. A pedra, geralmente com menos de 1 grama, também pode ser quebrada em pequenos pedaços e misturada a cigarros de tabaco ou maconha – o chamado mesclado, pitico ou basuco.




IDENTIFICANDO O USUÁRIO

O usuário de crack apresenta mudanças evidentes de hábitos, comportamentos e aparência física. Um dos sintomas físicos mais comuns que ajudam a identificar o uso da droga é a redução drástica do apetite, que leva à perda de peso rápida e acentuada – em um mês de uso contínuo, o usuário pode emagrecer até 10 quilos. Fraqueza, desnutrição e aparência de cansaço físico também são sintomas relacionados à perda de apetite.

É comum ainda que o usuário tenha insônia enquanto está sob o efeito do crack, assim como sonolência nos períodos sem a droga. Sinais físicos como queimaduras e bolhas no rosto, lábios, dedos e mãos podem ser sinais do uso da droga, em função da alta temperatura que a queima da pedra requer. Flatulência, diarréia, vômitos, olhos vermelhos, pupilas dilatadas, além de problemas na gengiva e nos dentes, falta de atenção e concentração  também são outros fatores identificados, que levam o usuário de crack a deixar de cumprir atividades rotineiras, como freqüentar trabalho e escola ou conviver com a família e amigos. O dependente apresenta algumas atitudes características, como mentir e ter dificuldades de estabelecer e manter relações afetivas. Muitas vezes apresenta comportamentos atípicos e repetitivos, como abrir e fechar portas e janelas ou apagar e acender luzes.
O dependente pode, ainda, passar a furtar objetos de valor de sua própria casa ou trabalho para comprar e consumir a droga. O humor pode ficar desequilibrado em função do uso ou falta da droga. O usuário alterna entre estados de apatia e agitação.

AÇÃO NO ORGANISMO
Ao se aquecer a pedra de crack, ela se funde e vira gás, que depois de inalado é absorvido pelos alvéolos pulmonares e chega rapidamente à corrente sanguínea. Enquanto a cocaína em pó leva cerca 15 minutos para chegar ao cérebro e fazer efeito depois de aspirada, a chegada do crack ao sistema nervoso central é quase imediata: de 8 a 15 segundos, em média. É por esta razão que o crack pode ocasionar dependência mais rapidamente. A ação do crack no cérebro dura entre cinco e dez minutos. O efeito imediato inclui sintomas como euforia, agitação, sensação de prazer, irritabilidade e agressividade, alterações da percepção e do pensamento, assim como alterações cardiovasculares e motoras, como taquicardia e tremores, inquietação mental e física, insônia, aumento da temperatura, da frequência respiratória, além de suor excessivo, tiques, contrações musculares involuntárias, dilatação da pupila e inibição do apetite. Como o usuário muitas vezes deixa de se alimentar, ele acaba perdendo peso e as defesas do organismo ficam fragilizadas, aumentando as chances de surgirem outras doenças. Além disso, os dependentes podem sofrer outros sintomas como psicose, paranoia, alucinação, mania de perseguição e depressão profunda.

COMO AJUDAR

O crack é uma droga que causa dependência com muita rapidez. Para o usuário se recuperar, a ajuda precisa vir na mesma velocidade. O primeiro passo é buscar ajuda de profissionais especializados e iniciar o tratamento. Existem instituições que prestam atendimento tanto para a família quanto para o dependente.


VERDADES E MITOS

O CRACK GERA DEPENDÊNCIA LOGO NA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA

MITO. Apesar de ser absorvido quase totalmente pelo organismo, apenas o uso recorrente do crack causa dependência. Diferentemente de outras drogas, entretanto, o crack causa sensações intensas e desagradáveis quando seus efeitos passam, o que leva o usuário a repetir o uso. Esta repetição, junto com o efeito potente da droga, leva o usuário a ficar dependente de forma mais rápida.

O CRACK SÓ ATINGE A POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA

MITO. O crack foi considerado inicialmente uma droga “de rua”. Por ser barata e inibir a fome, muitos moradores de rua e pessoas em situação de miséria recorrem à droga como medida paliativa. O contexto social do usuário também é um fator agravante - é mais comum uma pessoa se tornar usuária de crack quando o meio social facilita o acesso. Apesar disso, hoje o crack atinge todas as camadas sociais.

O USUÁRIO CORRE MAIS RISCO DE CONTRAIR DST's/AIDS

VERDADE. Isso ocorre porque os usuários da droga costumam adotar comportamentos de risco, como praticar sexo sem proteção. Influenciados pela necessidade de consumir o crack, muitos usuários crônicos também recorrem à prostituição para conseguir a droga.

"MEU FILHO CONSOME CRACK E EUM PENSO EM DENUNCIAR O TRAFICANTE. NESSE CASO, MEU FILHO TAMBÉM SERÁ PENALIZADO".

MITO. A pessoa que denunciar o traficante tem sua identidade preservada pelas autoridades policiais, portanto, seu filho usuário não será exposto. Porém, apesar da lei de drogas prever que o uso de drogas não seja punido com restrição de liberdade, o porte de drogas continua sendo crime no Brasil. Recente decisão aponta para a descriminalizção do uso e porte de drogas, mas ainda não está em vigor.

O MÉDICO É OBRIGADO A AVISAR À POLÍCIA QUANDO ATENDE UM USUÁRIO EM SITUAÇÃO DE INTOXICAÇÃO AGUDA

MITO. A legislação brasileira não obriga profissionais da área médica a notificar a polícia sobre os atendimentos realizados a usuários de drogas em situação de intoxicação aguda. As autoridades policiais são chamadas apenas em casos extremos, em que o comportamento do paciente põe em risco sua própria integridade física ou a saúde de terceiros.

O CRACK É UM PROBLEMA DAS CIDADES GRANDES

MITO. O consumo do crack avançou rapidamente para a maioria dos grandes centros urbanos de todo o país, porém as cidades do interior e mesmo de zonas rurais estão muito afetadas por problemas relacionados ao tráfico e consumo desta substância.

O CRACK É PIOR QUE A MACONHA E A COCAÍNA

VERDADE. Muito embora não haja droga pior ou melhor, o crack, a cocaína e a maconha são drogas com efeitos diferentes. Uma vez que o crack deixa o indivíduo mais impulsivo e agitado, e gera dependência e fissura de forma intensa, ele termina tendo um impacto maior sobre a saúde e as outras instâncias da vida do indivíduo do que, em geral, se observa com a maconha. Em relação à cocaína, apesar de serem drogas com a mesma origem, o efeito do crack é mais potente do que a cocaína inalada. Por ser fumado, o crack é absorvido de forma mais rápida e passa quase que integralmente à corrente sanguínea e ao cérebro, o que potencializa sua ação no organismo.

O CRACK SEMPRE FAZ MAL À SAÚDE

VERDADE. O uso dessa droga compromete o comportamento como um todo. Por ser uma substância altamente estimulante, várias funções ficam comprometidas, mas as mais afetadas são a atenção e a concentração, a falta de sono, além de gerar quadros de alucinação e delírio.

É POSSÍVEL SE LIVRAR DO CRACK

VERDADE. Embora seja difícil o tratamento, é possível se recuperar da dependência do crack. O usuário deve procurar o tratamento adequado e contar com apoio familiar, social e psicológico para superar a dependência química.

O USUÁRIO DE CRACK É SEMPRE VIOLENTO

MITO. Usuários que já possuem uma tendência à agressividade podem ficar mais violentos quando estão na fase de “fissura” ou abstinência da droga. Apesar de haver sempre uma deterioração das relações sociais, especialmente no ambiente familiar, a violência não é uma conduta padrão se não houver grande comprometimento.

USUÁRIAS DE CRACK NÃO PODEM AMAMENTAR

VERDADE. Mães usuárias de crack devem receber tratamento imediato com a suspensão do uso da droga e da amamentação durante o período necessário para eliminar as substâncias tóxicas do organismo. Após esse período, e sob supervisão médica, a amamentação está liberada.

O CRACK TAMBÉM PREJUDICA O FETO

VERDADE. O crack prejudica o desenvolvimento do feto por alterar a saúde física da mãe e passar à corrente sanguínea do futuro bebê. Isso pode reduzir o fluxo de oxigênio para o feto, causar graves danos ao sistema nervoso central e alterações nos neurotransmissores cerebrais. Também há maior risco de aborto espontâneo, hemorragias, trabalho de parto prematuro, além de diversas malformações físicas e baixo peso ao nascer.

BEBÊS DE MÃES USUÁRIAS JÁ NASCEM DEPENDENTES

MITO. Bebês expostos ao crack durante o período fetal não são dependentes da droga. Não há comprovação científica de que eles desenvolvam abstinência na ausência do crack. Os sinais e sintomas que eles podem apresentar durante o período neonatal estão mais relacionados a alterações nas substâncias químicas do cérebro (neurotransmissores), que poderão ser ou não temporárias.

ALGUMAS PESSOAS TEM PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA PARA SE TORNAR DEPENDENTE DO CRACK

VERDADE. Existe sim uma predisposição genética à dependência química. No entanto, não somente ao crack, mas a outras substâncias químicas, como o álcool, por exemplo.


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